A dor nossa de cada dia
A DOR NOSSA DE CADA DIA
Será que dá para medir a dor nossa de cada
dia? E a extensão do sofrimento?
Será que no outro dói mais que em mim?
Como é essa dor? Da onde ela vem? Aonde e como dói? No corpo... Na alma?
É uma dor no peito ou na boca do estômago?
Quando eu percebo essa dor, eu presto atenção? Ela sussurra, grita, ou eu fujo
dela?
Eu demonstro essa dor? As pessoas percebem
que eu estou sofrendo? E eu, percebo a dor do outro? Somente quando ele
verbaliza ou existem outros sinais que deflagram o sofrimento?
Desde quando essa dor está em mim? Como
ela se instalou.
Será que contatuar essa dor demonstra
minha tendência ao masoquismo? É melhor fingir que ela não está lá?
Quantos de nós não escondemos nossa dor
atrás de uma felicidade artificial que se expressa na “sociedade dos sorrisos
amarelos”?
A questão é, em nossa sociedade das
aparências não há lugar para a dor, porque ela é entendida como um fracasso!
Os fortes ignoram a dor.
Em pleno século XXI quando caímos, é
preciso levantar-se o mais que depressa e de preferência, providenciar que
ninguém perceba nossa queda.
É preciso ir em frente...
Não estou fazendo uma apologia à dor mas
realmente o que me deixaria mais tranqüila é que aquele que caiu pudesse
prestar atenção e perceber que é preciso fazer a assepsia e cuidar do “joelho
esfolado” e se está doendo, por que não chorar?
Depois de compreender que a dor tem uma
voz e poder ouvi-la, entender que não se cai à toa e que em alguns momentos de
nossa vida, se a gente não pára alguma coisa, alguma coisa vai nos parar, mesmo
que seja um joelho esfolado.
É preciso cuida-lo com carinho, fazer o
curativo e só então, levantar e prosseguir.
Por mais incrível que possa parecer, a dor
deve ser entendida como uma aliada e não uma inimiga, não deve ser mascarada
com drogas analgésicas e anti-depressivos, a não ser que seja, como em alguns
casos, de fato necessário; são paliativos que não vão curar sua dor mas
mascará-la e mesmo que você não queira olhar pra ela, ela vai continuar onde
está.
Acredite, a dor pode ser muito menos
assustadora do que parece e nenhuma droga pode ter uma melhor diálogo com ela
que você mesmo e é somente você que pode convence-la a ir embora...
Ou você pode continuar na sua felicidade
artificial, atrás do sorriso embotado, mas não minta pra você, a dor ainda está
la!
Hei! Espera aí! Pra que tanta pressa? Vai com
calma! Lembra? Você está com o joelho esfolado...